Descubra o que causa a quebra dos cabelos, como identificar os sinais e os melhores tratamentos para recuperar fios danificados com a ajuda da tricologia.
A quebra dos cabelos é uma das queixas mais comuns nos consultórios de tricologia e, muitas vezes, é confundida com queda capilar. Embora ambas resultem em perda de fios, a origem e o comportamento são completamente diferentes. Enquanto a queda acontece no bulbo capilar — ou seja, o fio se solta do couro cabeludo —, a quebra ocorre ao longo do comprimento, geralmente por enfraquecimento da fibra capilar. O fio quebra, mas a raiz continua ativa. Essa distinção é fundamental para entender o problema e escolher o tratamento correto.
A quebra capilar se manifesta por meio de fios partidos, irregulares e com aspecto opaco. Muitas vezes, a pessoa percebe que os cabelos parecem não crescer, quando na verdade eles estão crescendo normalmente, mas quebrando antes de atingir o comprimento desejado. Isso gera a sensação de estagnação no crescimento, além de dificultar a formação de penteados, causar pontas ralas e comprometer o aspecto saudável do cabelo.
Entre as principais causas da quebra estão os danos físicos e químicos sofridos pelos fios. O uso excessivo de chapinhas, secadores, modeladores de cachos e escovas progressivas compromete a integridade da cutícula capilar — a camada externa protetora do fio —, facilitando a perda de água e nutrientes. Sem essa proteção, o córtex (camada interna) fica vulnerável e o fio se parte com mais facilidade.
Tratamentos químicos como descolorações, alisamentos, relaxamentos e colorações frequentes também são grandes vilões. Eles alteram a estrutura do fio, degradando proteínas essenciais como a queratina. O resultado é um cabelo fragilizado, elástico, poroso e altamente quebradiço. Se não houver reposição adequada de massa capilar e hidratação constante, o dano se acumula e a quebra se torna inevitável.
Além dos fatores externos, causas internas também podem contribuir para a quebra dos cabelos. Deficiências nutricionais — como baixos níveis de ferro, zinco, biotina, proteínas e vitaminas do complexo B — afetam diretamente a qualidade da fibra capilar. A falta desses nutrientes compromete a formação de fios resistentes e saudáveis, tornando-os frágeis desde a raiz. Desequilíbrios hormonais e disfunções na tireoide também podem interferir na estrutura do fio.
Outro fator importante é o manuseio inadequado dos cabelos. Pentear com força, prender os fios com elásticos apertados, dormir com o cabelo solto e molhado ou usar escovas inadequadas pode gerar atrito e tração, rompendo os fios mecanicamente. A forma como se lava, seca e estiliza o cabelo impacta diretamente na sua resistência.
Para diagnosticar a quebra, o tricologista analisa o histórico do paciente, seus hábitos capilares e realiza a tricoscopia — exame de imagem ampliada do couro cabeludo e dos fios. Durante a avaliação, é possível observar onde a quebra está ocorrendo (na haste, nas pontas ou próximo à raiz), identificar sinais de enfraquecimento da fibra e verificar se há inflamações ou acúmulo de resíduos.
O tratamento para a quebra dos cabelos deve ser personalizado, considerando o grau de dano, os hábitos diários e a saúde geral do paciente. Em casos leves, a adoção de uma rotina de cuidados com foco em hidratação, nutrição e reconstrução já traz bons resultados. A reposição de água, lipídeos e massa capilar fortalece o fio de dentro para fora, restaurando a elasticidade, brilho e resistência.
Produtos com queratina, colágeno, ceramidas, aminoácidos, óleos vegetais e pantenol são excelentes aliados nesse processo. Eles devem ser usados de forma equilibrada, respeitando o cronograma capilar e evitando excessos, que podem levar ao efeito contrário — fios rígidos demais, propensos à quebra por ressecamento.
Em casos moderados ou graves, os tratamentos em consultório se tornam importantes. O microagulhamento com infusão de ativos reconstrutores, a LEDterapia, a alta frequência e o vapor de ozônio são procedimentos que estimulam o metabolismo local, facilitam a penetração de nutrientes e potencializam a recuperação da fibra. O uso de cosméticos profissionais e personalizados, formulados especificamente para a necessidade do paciente, também faz parte da estratégia.
Além disso, o cuidado com a alimentação é indispensável. A inclusão de fontes de proteína, ferro, zinco, selênio e antioxidantes naturais promove a saúde do couro cabeludo e a formação de fios mais fortes. Em alguns casos, a suplementação com nutracêuticos é indicada, especialmente quando há deficiências comprovadas por exames laboratoriais.
O uso de ferramentas térmicas deve ser controlado. Sempre que forem utilizadas, é essencial aplicar um protetor térmico para evitar o ressecamento e a degradação da cutícula. Secar os cabelos com jato frio, utilizar toalhas de algodão para retirar o excesso de água e evitar o atrito intenso também ajudam a preservar a estrutura dos fios.
A quebra capilar, quando não tratada, pode gerar um ciclo de frustração e insatisfação com a própria imagem. O cabelo perde a forma, não atinge o comprimento desejado e parece sempre “maltratado”, mesmo após cuidados básicos. Por isso, é fundamental identificar o problema o quanto antes, iniciar um plano de recuperação e, principalmente, manter uma rotina contínua de manutenção.
É importante desconstruir alguns mitos sobre a quebra. Um deles é o de que cortar o cabelo evita a quebra — o corte regular retira as pontas já danificadas, mas não trata a causa da quebra. Outro mito é que óleos “curam” o fio quebrado: eles ajudam a proteger e a disfarçar os danos, mas não têm o poder de reconstruir a fibra. Apenas ativos reconstrutores conseguem esse efeito real.
Em resumo, a quebra capilar é um sinal de que o fio está pedindo socorro. Com diagnóstico correto, produtos adequados, rotina disciplinada e acompanhamento profissional, é possível recuperar a saúde da fibra e conquistar cabelos mais fortes, resistentes e bonitos. A beleza dos fios começa pela estrutura — e cuidar disso é um verdadeiro investimento em autoestima e bem-estar.