Saiba o que é alopecia frontal, como identificar os sinais iniciais, suas causas e os principais tratamentos disponíveis. Entenda como preservar a linha capilar.
A alopecia frontal é uma forma de perda capilar que afeta especialmente a região da linha frontal do couro cabeludo, podendo se estender até as têmporas e, em muitos casos, também comprometer as sobrancelhas. Embora possa parecer uma simples alteração estética, essa condição pode sinalizar doenças autoimunes e inflamatórias mais complexas, como a alopecia frontal fibrosante (AFF), que é considerada uma variante da alopecia cicatricial. Nos últimos anos, o número de diagnósticos de AFF tem aumentado significativamente, especialmente entre mulheres na fase pós-menopausa, o que tem chamado a atenção da tricologia e da dermatologia clínica.
A manifestação típica da alopecia frontal inclui o recuo progressivo da linha capilar na testa, resultando em uma “testa mais alta” com aspecto brilhante e sem folículos visíveis. Nas fases iniciais, os sintomas podem ser sutis, como coceira leve, sensação de ardência ou hipersensibilidade ao toque no couro cabeludo frontal. Com o tempo, o recuo se acentua e os pelos das sobrancelhas — principalmente a porção externa — também começam a rarear. Em casos mais avançados, pode haver ausência completa de pelos nessa região e até comprometimento de áreas adjacentes, como nuca ou costeletas.
A alopecia frontal fibrosante (AFF) é uma das formas mais complexas dessa condição. Trata-se de uma doença inflamatória crônica e autoimune, na qual o sistema imunológico ataca os folículos pilosos, provocando fibrose (cicatrização) e destruição permanente dessas estruturas. A pele nas áreas acometidas costuma apresentar um brilho diferente, ausência de poros visíveis e aspecto levemente atrófico. O avanço geralmente é lento, mas constante, o que reforça a importância do diagnóstico precoce e da intervenção médica adequada.
As causas da alopecia frontal ainda não são totalmente compreendidas, mas estudos indicam múltiplos fatores envolvidos. Entre eles, destacam-se alterações hormonais — como a redução do estrogênio —, predisposição genética, respostas autoimunes e até possíveis reações a substâncias químicas presentes em cosméticos e filtros solares. Essa última hipótese vem ganhando relevância, especialmente porque muitas pacientes relatam uso prolongado e repetitivo desses produtos na região da testa.
Entre os sintomas mais relatados estão: coceira persistente na linha capilar frontal, sensação de ardência, dor leve ao pentear os cabelos e uma aparência de “couro cabeludo mais visível”. A pele onde os fios caíram adquire uma coloração diferente, mais clara ou avermelhada, com brilho anormal. Em muitos casos, os pacientes notam também a perda parcial ou total das sobrancelhas, o que contribui para mudanças importantes na expressão facial e na autoestima.
Diferenciar a alopecia frontal de outras formas de queda capilar é essencial para evitar tratamentos inadequados. A alopecia androgenética, por exemplo, também pode afetar a linha frontal, mas raramente provoca sintomas inflamatórios como ardência ou coceira. Já a alopecia areata frontal pode se apresentar como falhas localizadas e abruptas, sem o padrão progressivo e simétrico típico da alopecia frontal fibrosante.
O diagnóstico deve ser feito por um tricologista ou dermatologista especializado. A avaliação clínica inclui observação detalhada da linha capilar, análise do histórico clínico, uso de produtos, exposição solar e sintomas associados. A tricoscopia — exame que amplia a visualização do couro cabeludo — é uma ferramenta valiosa para detectar sinais de inflamação, ausência de orifícios foliculares e presença de cicatrizes. Em casos duvidosos, pode ser indicada uma biópsia do couro cabeludo para confirmação diagnóstica.
A alopecia frontal geralmente evolui de forma lenta, porém irreversível, se não for tratada. Por isso, é fundamental iniciar a intervenção ainda nos estágios iniciais. A linha de frente do tratamento inclui o uso de medicamentos anti-inflamatórios, como corticoides tópicos ou injetáveis, imunomoduladores (como tacrolimo), além de bloqueadores hormonais em casos com desequilíbrios hormonais associados.
Os procedimentos em consultório devem ser escolhidos com cautela, já que a pele nessa região pode estar inflamada ou cicatrizada. Em alguns casos, é possível utilizar LEDterapia e microagulhamento com ativos anti-inflamatórios para modular a resposta imunológica, desde que não haja contraindicações específicas. A prioridade sempre será controlar a inflamação e preservar os folículos que ainda estão ativos.
Os cuidados diários também desempenham um papel fundamental. É recomendado o uso de produtos suaves, livres de fragrâncias fortes, álcool ou conservantes agressivos. A proteção solar é indispensável, com produtos específicos para couro cabeludo ou barreiras físicas como bonés e chapéus, já que a exposição solar pode agravar o processo inflamatório.
O transplante capilar, em casos de alopecia frontal fibrosante, costuma ser contraindicado, especialmente se a inflamação estiver ativa. Transplantar fios para uma área com fibrose pode resultar em falha do procedimento. No entanto, em casos selecionados, com doença estabilizada há anos e sem progressão, pode ser considerada essa possibilidade, sempre com avaliação rigorosa e acompanhamento de longo prazo.
Como muitas outras condições capilares, a alopecia frontal também carrega consigo um impacto emocional importante. A perda da moldura do rosto, associada à rarefação das sobrancelhas, altera significativamente a percepção da imagem e pode gerar baixa autoestima, insegurança e sofrimento psicológico. O acolhimento, a escuta ativa e o suporte contínuo são fundamentais no processo terapêutico.
Muitos mitos ainda cercam essa condição. Um dos mais comuns é a crença de que maquiagem ou cosméticos em geral causam alopecia frontal. Embora alguns ingredientes possam agravar a inflamação em pessoas predispostas, o simples uso desses produtos não é suficiente para causar a doença. Outro mito recorrente é que toda alopecia frontal é fibrosante, quando na verdade existem outras causas possíveis — como alopecia areata ou androgenética frontal.
Em resumo, a alopecia frontal é uma condição que exige atenção precoce, diagnóstico preciso e acompanhamento contínuo. Embora sua progressão possa ser desafiadora, intervenções oportunas podem controlar a inflamação, estabilizar o quadro e preservar a integridade da linha capilar. A orientação profissional, associada a cuidados personalizados e apoio emocional, é o caminho mais seguro para lidar com essa condição de forma consciente e equilibrada.